Por Jacob Fortes. 19.06.2021
Rumores recorrentes dão conta de que Lázaro, o serial killer de Goiás, vem a ser bisneto de Lampião, o “Rei do Cangaço”. Pode até não haver parentesco entre ambos, mas se assemelham na monstruosidade; ambos sem régua que lhes meçam a infâmia. Lampião, que principiou no crime com tímidas ações de rapinagem, evoluiu para o hediondo título de exterminador facinoroso de vidas humanas. Sua particular filosofia era por todos conhecida: matar não era bastante, mas deixar sobre os cadáveres o selo da sua religião: a crueldade. Num suposto tributo ao provável bisavô, Lázaro pretende, aos que se pode intuir, fazer ressurgir o cangaço, desta feita no estado de Goiás.
Portanto, à polícia convém saber que Lázaro é puro-sangue, traz a consanguinidade de Virgulino Ferreira da Silva, celerado que fez mudar, para sempre, a Polícia Militar de Pernambuco. Esta, embora contasse com oitocentos homens tropeçou por dezenas de vezes; desconhecia as técnicas de rastreamento a bandos, homiziados no regaço da vastidão da caatinga. Caatinga não é estepe nua, de planuras francas, de horizonte largo que liberta a vista. Caatinga é algo medonho, denso, urticante, espinescente, que afoga, que agride, que encurta o olhar, que, por encontrar-se apinhada de estrepes rijas, concede passagem somente a ofídios.
Particularidade digna de nota é que o cangaço, liderado por Lampião, instou o então governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, afiançado pelo presidente Artur Bernardes, a implantar a chamada “Lei do Diabo”, que alcançava também os coiteiros.
Às gloriosas polícias de Goiás e do Distrito Federal, plenas de capacidade e tecnologia, a quem se reconhece, sem favor, a competência, convinha passar uma vista de olhos na polpuda historiografia do cangaço, (aliás, aproveitável esta para todos os ramos do conhecimento humano), e, secundariamente visitar as páginas dos seguintes textos: Os Sertões, de Euclides da Cunha, além das obras do sociólogo Frederico Pernambucano de Melo: Apagando o Lampião; Vida e morte do Rei do Cangaço; Guerreiros do Sol; Lampião, Senhor do Sertão; Estrela de Ouro, a estética do Cangaço, etc.
Que a alma do “padim” pade ciço” (o único homem que aplicou reprimendas a Lampião) livre o Brasil, particularmente Goiás, da ressurreição lampionesca.
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